segunda-feira, 17 de junho de 2013
A maestria feminina na arte de retocar
O rapaz pedia uma segunda chance, aguardava resposta, cansou e ia-se, mas no mesmo instante a moça disse:
- Não vá!
Ele parou imediatamente e, sem saber o que fazer com o corpo, a questionou com os olhos. A moça subitamente compreendeu que não podia ser e mudou de ideia, mas, para não mostrar-se contraditória e dar razão definitiva pra ele em um dos tópicos em que mais discutiam, fez apenas uma leve correção na expressão para indicar-lhe enfado por ter que repetir e disse:
- Não, vá!
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Porque japoneses são todos iguais?
Não, os japoneses não são todos iguais. O que acontece, mostraram agora os cientistas, é que o "software" de reconhecimento facial do cérebro tem as suas limitações, e uma delas é patinar sempre que se depara com um rosto de uma etnia diferente.
Os pesquisadores selecionaram mais de 20 voluntários, metade de Europa e metade da Ásia. Mostraram a eles faces genéricas de orientais e ocidentais. Enquanto isso, observavam a sua atividade cerebral.
Perceberam que os voluntários decoravam com facilidade rostos de gente da mesma etnia que eles. Mas quando um europeu começava a observar faces orientais, logo se perdia e já não sabia dizer se um novo rosto era inédito ou não - e vice-versa.
Ao observar o que estava acontecendo no cérebro do coitado do europeu, perdido tentando lembrar se aquele chinês não era o mesmo que já tinha aparecido lá no começo, os cientistas notaram um significativo aumento na sua atividade neural. [Por outro lado,] um japonês que nunca saiu do seu país, ao desembarcar, digamos, na Alemanha, vai achar todos aqueles loiros muito parecidos e se questionar como é que eles conseguem saber quem é quem no dia-a-dia.
A explicação evolutiva mais simples para esse bug cerebral passa pelo fato de que passear pelo mundo fazendo amigos é coisa recente. Por dezenas de milhares de anos, encontros com etnias diferentes eram muito raros. Só era necessário identificar gente parecida, e o cérebro se moldou para isso.
Roberto Caldara, neurocientista italiano da Universidade de Glasgow (Escócia) e autor do trabalho publicado na revista científica "PNAS", diz que é interessante notar como esse cérebro limitado se adapta às grandes cidades cosmopolitas do presente, com gente de todo tipo nas ruas.
Isso vale, então, diz, para São Paulo: para parar de confundir orientais (e irritá-los chamando, por exemplo, coreano de japonês), é necessário se entrosar socialmente - só passear no bairro da Liberdade não adianta.
Jean Charles foi vítima do "bug", diz o cientista:
Roberto Caldara diz que a dificuldade para reconhecer gente de outras etnias pode ter "consequências dramáticas". Ele cita o exemplo do estudante brasileiro Jean Charles de Menezes. Ele levou, em 2005, sete tiros da polícia da Londres no Metrô da cidade, antes que pudesse falar alguma coisa.
(Eu acho que a polícia foi vítima do "bug". Jean Charles foi vítima da estupidez! Bom, voltemos ao texto:)
Ainda existem dúvidas na área de estudo de Caldara, porém. Provavelmente os resultados encontrados se repetiriam com outras etnias (negros, por exemplo), mas é necessário testar.
Além disso, os pesquisadores acham que pode ser interessante estudar como o cérebro reage quando exposto a faces mestiças. "Queremos saber exatamente também onde e como isso tudo acontece no cérebro", diz o cientista.
(Ricardo Mioto)
(também publicado em Folha de SP, 2/11)
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
O amor egoísta e o altruísta
Se te admiro, é porque quero eu ser como tu;
Se te ajudo, é porque quero eu mesmo livrar-me da imagem incômoda do teu sofrimento;
Se te acompanho, é porque quero eu tua companhia;
Se te ouço, é porque quero eu saber de ti;
O amor egoísta é tão duradouro quanto o ser que ama. Não é eterno mas preenche toda uma vida. É o mais próximo da eternidade que podemos chegar.
O amor altruísta é tão duradouro quanto a atenção que damos à cada jogador em um jogo de futebol, que parece ser o mais importante, mas ao perder a bola todos os outros subitamente ganham sua atenção. O que tem nossa atenção permanente é a bola.
O amor baseado em si mesmo é mais uniforme do que o baseado no outro: O amor altruísta é volúvel porque sempre há outros além do outro, e porque, se não considerarmos a interação com o eu, não há diferença entre um outro e outro. O altruísmo não pode fazer distinção, ele não vê distinção. Há muitos dos outros e um só de si.
O amor altruísta é para com a humanidade; entre duas pessoas só pode haver o amor egoísta!
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Ética relativística
São conceitos que somente fazem sentido em um contexto relativístico (quero dizer, somente se dizemos em relação a que nos referimos). Todos nós temos desejos. A realização de desejos parece ser um objetivo incutido em nós desde sempre. Este será nosso guia, nosso referencial.
Assim, suponha agora que esse (único) homem possa realizar mais atos. Chamamos de "boas ações" aquelas que permitem a este homem uma maximização na realização dos seus desejos. O desejo de bem-estar e sobrevivência qualificam como más condutas uso de drogas e o suicídio, por exemplo. (Estando bem de saúde e vivo, acreditamos que mais realizações serão possíveis a este homem).
Se mais gente há, o bom e o mau são definidos em relação aos desejos da sociedade, que por sua vez são definidos em relação aos desejos individuais dos componentes. O bem-estar da sociedade é um estado de colaboração mútua (pois este é o modo através do qual os indivíduos alcançam mais realizações e têm mais chances de realizar seus próprios desejos).
Usualmente, tomamos como preferencial o referencial da maioria... tanto que naturalmente supomos que há um sentido absoluto nisso, mas é apenas um referencial preferencial! Desejos individuais que implicam em um tolhimento dos desejos individuais de muitos outros indivíduos são qualificados como maus. As boas ações são aquelas que aumentam as possibilidades de realização de desejos para um grande número de outros indivíduos.
Obviamente, em alguns casos, as boas ações em relação à sociedade não são consideradas boas em relação ao indivíduo. Se um indivíduo contrai uma doença altamente contagiosa, o melhor para o grupo é isolá-lo. E isso é a procedimento considerado correto, ou bom, ainda que este isolamento privará o doente de muitas coisas, o que é uma má conduta no seu referencial.
Um problema aconteceria se exatamente a metade das pessoas ficassem doentes. O sentimento de compaixão resolve este dilema. A compaixão é a capacidade de se deliciar ao ver outra pessoa realizar seus próprios desejos. Por isso sentimos prazer nas histórias com final feliz. Assistir a uma peça de teatro é exercitar a nossa compaixão, nosso interesse nato nas realizações dos outros. Portanto, se todos nessa sociedade se compadecem entre si, os doentes concluirão que os sadios podem não ficar doentes, enquanto eles próprios já não serão sadios. Embora não tenham chances de obter melhoras pra si, o sentimento de compaixão os impele a crer que a boa ação neste caso é o isolamento.
O comportamento ético, portanto, seria um jogo de interesses, que pode ser resolvido sem a necessidade da criação de um Bem e um Mal para nos dizerem o que é bom e o que é mau. A natureza não é boa nem má. É apenas experiente, e conhecedora das consequências.
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P.S. O texto acima é influenciado pelo livro No Que Acredito, de Bertrand Russel. Não digo, entretanto, que apresento aqui uma síntese de suas idéias porque não sei se ele concordaria com o que escrevi, já que não cuidei em seguí-lo.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Novo paradigma para educação
quarta-feira, 26 de março de 2008
Torrões de açúcar
- Depende... Quando estou em casa, ponho um. Quando na casa dos outros, ponho três..... Mas eu gosto mesmo é de pôr dois.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Silicone é bruxaria?
... Em 1774, quando a Inglaterra era governada por George III, a seguinte lei foi criada:
"Todas as mulheres, de qualquer idade, classe, profissão ou categoria, quer sejam virgens, quer sejam solteiras, quer sejam viúvas, que a partir da data deste decreto, enganarem, seduzirem e levarem ao casamento qualquer súdito de Sua Majestade pelo uso de perfumes, pinturas, cosméticos, águas aromáticas, dentes artificiais, cabelos falsos, lã espanhola, espartilhos, anquinhas, sapatos de salto alto ou quadris armados ficarão sujeitas às penas da lei em vigor contra a feitiçaria e delitos desse gênero, e o casamento será, por julgamento, declarado nulo."O interessante que eu achei é como os perfumes e os saltos eram considerados "desleais" no jogo da sedução. Se a lei valesse hoje, quase todos os casamentos seriam anulados por justa causa logo após a lua de mel.(O texto foi retirado de UNIVERSO DA QUÍMICA, de Bianchi, Albrecht e Daltamir; e os grifos são meus)
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
"Flores pra você". Ass: Boto.
O artigo de Marcelo Leite para o Jornal da Ciência, fala das pesquisas de Vera Fereira (Inst. Nacional de Pesquisas) e Tony Martin (Serviço Antártico Britânico). Estes estudos parecem mostrar que os botos carregam plantas aquáticas e pedaços de pau para "conquistar" a fêmea. Mais interessante do que isso é que este comportamento não é intrínseco à espécie. Há grupos que "entregam flores" e outros que não. Alguma coisa parecida com "cultural".