Há um lugar Que, sendo colossal, Tem dimensões ínfimas. Um lugar fascinante Que ninguém viu E jamais verá. A Luz resolveu visitar E ficou por lá. O Tempo, muito cético, Quando viu, parou extático.
Receita: Fotografe o Sol todos os dias na mesma hora durante um ano inteiro. (Sei, "fotografar o Sol" não é legal... ao lado, uma alternativa: Numa tábua com um pino cravado, marque a ponta da sombra na tábua todos os dias, na mesma hora, durante um ano.)
Resultado: O desenho será semelhante a um "8" (pode ser mais, ou menos inclinado, dependendo da hora que vc escolheu pra tirar as fotos). Pra ser sincero, eu mesmo não fiz o experimento e peço que se alguém fizer, comente aqui o resultado.
Comentários: O nome da figura formada é analema. No Astronomy Picture of the Day, vários analemas já foram mostrados (com fotos tiradas na Ucrânia e Grécia, por exemplo). No dia de hoje, fizeram um vídeo, mostrando uma sequência de fotos tiradas em Nova Jersey (EUA). (OBS: se forem clicar pra ver o vídeo, sugiro que usem o modo "tela cheia", normalmente, a tecla F11)
É claro que o analema que observamos é dependente do movimento da Terra em torno do Sol. Em outros planetas, veríamos algo diferente. Eis um analema visto em Marte:
Para saber mais sobre tudo isso, veja o site Observatório, do Observatório Astronômico de Lisboa.
O desenho acima foi escrito numa placa metálica e posta a bordo das espaço-naves Pioneer 10 e 11 (a primeira delas, lançada em 1972). A idéia é que estas naves eventualmente sairiam do Sistema Solar e, se fossem encontrada por algum extra-terrestre, ele poderia ter notícias nossas (queremos ter notícias diretas deles e por isso, achamos que eles querem também...). No topo, uma representação do hidrogênio, que é (ou parecia ser) o troço mais abundante do Universo. O "asterisco" dá a localização do nosso Sistema Solar em relação a 14 pulsares. O desenho do homem e da mulher está sobre o desenho esquemático da nave, para que as criaturinhas tenham idéia do nosso tamanho. E bem abaixo, uma representação do nosso Sistema Solar, indicando de onde veio a nave (The Third Rock From The Sun... rsrs).
Outra tentativa de se comunicar com o cosmo foi feita com as naves Voyager, lançadas em 1977. Dessa vez, fomos mais sofisticados e enviamos um disco de ouro contendo algumas de nossas músicas e outros "sons da Terra".
As naves já estão na beiradinha do Sistema Solar. Dos objetos em que o homem pôs a mão, são os mais distantes de nós. Tudo isso era só para dar o contexto para o que seria o único motivo da postagem: mostrar-lhes este site, que mostra a localização atual das espaço-naves.
Um grupo internacional de astrônomos localizou um buraco negro estelar de proporções excepcionais em órbita em torno de uma estrela gigante. Com massa 16 vezes maior do que a do Sol, trata-se do maior buraco negro estelar conhecido.
Infelizmente, estou sem tempo para pesquisar e comentar a notícia. O trecho acima foi copiado ipsis literis do site Inovação Tecnológica. O artigo foi publicado na Nature e também tem a versão gratuita no arXiv:0710.3165 (astro-ph). No resumo do artigo, os autores dizem que o buraco negro possui 15.65 (+/- 1.45) massas solares e que os modelos astrofísicos têm dificuldades em descrever buracos negros estelares em sistemas binários com massas superiores a 10 massas solares.
A palestra de abertura do Encontro Nacional de Física de Partículas e Campos foi dada por Glenn Starkman. O título da palestra é uma "provocação" à física de que dispomos hoje, que explica tão pouco do Universo. Segundo Starkman, o modelo que temos para explicar os dados experimentais, o Modelo da Concordância (ou, em inglês, Inflationary Lambda Cold Dark Matter Big Bang Model) é um modelo fenomenológico que indica uma falta de uma física mais fundamental.
Cada um dos termos do Modelo da Concordância, foi introduzido quase que independentemente para explicar diferentes observações estranhas. O "Inflationary" procura resolver, por exemplo, o chamado "problema do horizonte". Na palestra, Starkman explicou este problema solicitando que todos contássemos juntos em voz alta até 5 e batêssemos palma. Depois, pediu que contássemos até cinco mentalmente e de olhos fechados e batêssemos palma ao fim deste tempo. Não foi surpresa a ninguém o fato de que no segunto caso as palmas não foram uníssonas. Em outras palavras, sem uma comunicação entre os diversos indivíduos, o comportamento não foi homegêneo... Com o Universo, acontece que ao olharmos para a esquerda e para a direita vemos regiões que não se comunicam (já que a luz demora um tempão pra ir de uma ponta a outra e é o troço mais rápido que temos). O problema do horizonte é que essas duas regiões são essencialmente iguais, ainda que não se comuniquem! A idéia de inflação diz que o Universo passou por uma fase de rápida expansão levando pontos que estavam próximos e se comunicavam para regiões muito distantes (o que observamos hoje).
O "Lambda" refere-se à letra que usamos para representar uma constante adicionada às equações de Einstein. A "constante cosmológica" resulta numa certa repulsão. Como se fosse uma gravidade às avessas, e isso dá conta (ou pelo menos é uma proposta para dar conta) da energia escura. O problema que isso busca resolver é o seguinte: Quando uma coisa explode, tende a se afastar do centro da explosão, mas perde velocidade com o tempo. No dia-a-dia, a perda de velocidade deve-se, principalmente, ao atrito com o ar. No caso do Universo (que acredita-se ter surgido numa explosão - o big bang), essa desaceleração era esperada, já que matéria atrais matéria e, como todo mundo se puxando, não se vai muito longe... O problema é que na década passada, descobriram que o Universo está aumentando a velocidade com que se expande! Como se tivesse alguma coisa que vencesse a gravidade, que tenta puxar tudo de volta... Essa coisa estranha, é a "energia escura" e a constante cosmológica é apenas uma das alternativas. Há ainda modelos como quintaessência e outro com gás de Chaplygin, dos quais eu nada sei.
O "Cold Dark Matter", ou matéria fria e escura, é um tipo de matéria que é adicionada às nossas teorias para explicar o fato de que os objetos que observamos no céu não dão conta de explicar o que vemos. Aparentemente, há alguma coisa lá que não emite radiação eletromagnética (por isso, "fria" e "escura"). Estamos um tanto quanto perdidos para explicar o que seria isso. Há propostas de que seriam objetos (chamados coletivamente de MACHO's) como anãs-brancas e buracos negros. Há também a proposta de que a matéria escura seja um tipo de partícula que interage muito fracamente, mas que possuem massa (WIMP's). Essa coisa de matéria escura não é somente teoria. Tempos atrás, o telescópio Hubble descobriu o que seria um anel de matéria escura. Embora não se possa ver este tipo de matéria, sua gravidade distorce a luz de objetos "próximos"... Embora esteja, infelizmente, em inglês, o vídeo abaixo pode ser de alguma ajuda para entender a descoberta do Hubble:
Bom, acho que falei tudo o que é viável dizer numa postagem de blog sobre os termos que juntos nomeiam o Modelo da Concordância. O ponto principal aqui, que por tabela segue o que me pareceu ser o ponto principal da palestra do Starkman, é enfatizar que cada um desses nomes é adicionado ao Modelo do Big Bang quase que à força e que há muito o que fazer em física... Não disse acima, mas essas "coisas escuras" constituem cerca de 95% do Universo. Ou seja, tudo o que é descrito pela física é apenas uma ínfima minoria... "Será que o Universo descrito pelos físicos é aquele em que vivemos?", pergunta Starkman.
A palestra terminou dizendo que vivemos numa época frutífera:
A perfect time for observers to observe, experimentalists to experiment and for young minds to invent.
Indico o site Astronomy Picture of the Day para ver imagens legais, quando desejar. Junto com as imagens, informação. A figura de hoje é uma criação artística do que veria um observador "próximo" ao sistema HD98800.
É um sistema de dois pares de sóis. Um par está envolto numa nuvem de poeira, mas é difícil estudar esta nuvem. O telescópio espacial Spitzer foi usado para mostrar que há, na verdade, anéis de poeira. Uma possibilidade para que a nuvem (que, em princípio deveria ser contínua) tenha sido "varrida" em certa parte, é que haja planeta ali. O planeta, com sua atração gravitacional, atrairia o pó (claro que "pó", aqui, são grãos bem maiores do que o da poeira sobre sua mesa! Rsrsrs), "varrendo" a área próxima à sua órbita... Isso é interessante para termos idéia de "como astrônomos sabem dessas coisas".
Mais uma coisa deve ser dita: Outra coisa explicaria a divisão da poeira. Uma distribuição do campo gravitacional muito específica (já que há o outro par de sóis, a coisa não é totalmente esfericamente simétrica). Por isso, a conclusão sobre os planetas é especulação, ainda.