Nós, os vivos, somos retirantes
Atravessando uma grande floresta,
Onde passaremos alguns instantes,
Um naco de tempo que Deus empresta.
Ao que parece, não há comunicação
Possível entre aquele ainda por vir
E os outros, que na floresta estão.
(E nem com quem já teve que sair.)
Há aqueles que vão já avançados.
Cada um deles dá uma recomendação
Àqueles sôfregos recém-chegados,
Antecipando tudo que encontrarão.
"Haverá um trecho de escuridão total.
Não deixe de levar lanterna, eu lhe digo!
E haverá também um grande temporal,
Então sugiro que prepare logo um abrigo."
E descrevem os mais terríveis fatos
E o aparecimento de animais selvagens.
Explicando que, mais do que ornatos,
Precisarão de armas nas suas bagagens.
Mas os novos pensam, imprudentes,
Que podem diminuir seus fardos,
Não incluindo alguns ingredientes
Que só tornam seus passos tardos.
Assim andam bem mais rápido, realmente,
Devorando todos os frutos, floresta afora.
Mas eis que eles encontram, finalmente,
Tudo aquilo que lhes fora dito outrora.
Sem a lanterna para ver na escuridão,
Ou abrigos para suportarem a tempestade,
Refletem, angustiados com a situação:
"Os velhos falaram a mais pura verdade!"
Sem tempo para resolverem suas próprias vidas
Decidem buscar redenção nos novatos que chegam.
Previnem e mostram como provas suas feridas
Chegam a ser violentos, exigindo que os ouçam.
Mas os novatos pensam, imprudentes,
Que podem diminuir seus fardos,
Não incluindo alguns ingredientes
Que só tornam seus passos tardos...
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