segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Deus e Papai Noel

Quando pequeno, eu não sabia se acreditava, ou não, em Papai Noel. Desconfiava, isso, sim. Não conseguia imaginar um mecanismo segundo o qual um senhor distribuía presentes pelo mundo inteiro, quase que ao mesmo tempo. No mais, muitos diziam que o Papai Noel, era o mesmo Papai que eu chamava de pai, assim mesmo, com pê minúsculo. Esta última hipótese era mais aceitável, mas eu não tinha provas. Prova seria vê-lo no momento em que ele punha o presente embaixo da cama. E assim, eu esperava. Para disfarçar melhor, fechava os olhos e tão bem disfarçava que só os abria na manhã seguinte em que já tinha o tal do presente ali e eu perdia minha chance de verificar alguma coisa. Todos os anos eu tinha a chance de verificar, de modo que algum dia, após tantas chances perdidas, eu consegui o que queria por outros modos: O presente não chegava mais e meu pai disse que ele fora desde sempre o Papai Noel. (Só o meu, é claro).

E hoje me parece muito próximo de tudo o que diziam sobre o Papai Noel, tudo o que dizem sobre Deus. E, embora eu não veja mecanismos, nem compreenda como Ele faz o que faz, dizem que tem poderes mágicos, assim como os tinha o Noel. Mas desta vez não posso testar qualquer hipótese todo ano. Posso testá-la apenas ao fim da vida. Lá terei uma resposta.

E parece que Deus e Papai Noel são muito próximos, só que Deus é um Papai Noel cujo tempo entre um Natal e outro é uma vida. O presente, é claro, é o Paraíso.

Quanto aos outros modos, quem seria o candidato? Quem diria que fora, desde sempre, meu Deus? Esta hipótese parece ainda menos plausível... Mas é claro que não estão tão intimamente ligados a ponto da inexistência de um servir como prova, ou mesmo indício da inexistência do outro.

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