sábado, 29 de agosto de 2009

Escola romana

Sobre a escola e seu papel na civilização romana, disse Paul Veynes, em História da Vida Privada:
[Os meninos estudavam] para adornar o espírito, para se instruírem nas belas-letras. Constitui estranho erro acreditar que a instituição escolar se explica, através dos séculos, pela função de formar o homem ou, ao contrário, adaptá-lo à sociedade; em Roma não se ensinavam matérias formadoras nem utilitárias, e sim prestigiosas e, acima de tudo, a retórica. É excepcional na história que a educação prepare o menino para a vida [...] Em Roma, decorava-se com retórica a alma dos meninos, assim como no século XIX vestia-se essas criaturinhas de marinheiros ou militares.

[... Na escola] começa a haver escritores "clássicos", assim como com as "leis" do turismo haverá lugares que será necessário visitar, monumentos que não se pode deixar de ver. A escola forçosamente ensinará a todos os notáveis atividades prestigiosas para todos, mas que interessam a pouca gente [...] E, como uma instituição logo se considera um fim em si mesma, ensinará principalmente, e dirá clássico, o que é mais facilmente ensinável; desde os tempos de Atenas clássica, a retórica soube elaborar uma doutrina mastigada e pronta para ser ensinada. Assim, os jovens romanos de doze a dezoito ou vinte anos aprendiam a ler os clássicos, depois estudavam a retórica. E o que é retórica?

Não uma coisa útil, que contribui com algo para a "sociedade".
Não admira que no início da Era Cristã - quando o Império Romano esteve no auge de sua extensão - tenha havido tão pouco progresso nas ciências, comparado com alguns séculos antes e muitos depois.