terça-feira, 15 de junho de 2010

O Sonhador

- Às vezes penso que sonhar dói
pois construo sonhos com esmero,
e logo vem a realidade, e os destrói.
Quero estar errado, é o que espero...
Eu tento pensar que sonhar faz bem,
mas logo penso: "só não sei a quem...
pra mim, definitivamente não e não,
já que meus sonhos nunca se realizarão!"

- Ora, mas deixe de agouro
pois pra você virá o tesouro.
Basta ter muita fé em Deus
e se realizarão os sonhos teus!

- Talvez. Pensando bem, nem tudo é ruim...
De fato, pelo menos a minha princesa,
com quem tanto sonhei, é real, enfim.
(Tomara que não acabe em tristeza!)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Uma observação trivial

Fazer uma observação trivial é um modo de buscar a concórdia. Concluir o óbvio, portanto, não implica necessariamente uma incapacidade de pensar profundo, mas tão-somente um medo atroz de ser julgado.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Investimento privado em pesquisa

Há uma preocupação natural com crescimento das universidades privadas: Elas 'consomem' profissionais com formação em ciência básica, mas não contribui para formá-los. Universidades privadas geralmente não têm cursos de biologia, física, matemática ou química, de modo que o aumento do número de pessoas com nível superior no Brasil não seria acompanhado com um aumento no nível da pesquisa científica desenvolvida aqui.

Mas tem uma proposta interessante. Obrigar as universidades privadas a 'doarem' parte do seu lucro para uma fundação de fomento à pesquisa. Vi essa notícia no Jornal da Ciência e transcrevo aqui uma parte do texto:
Projeto de Lei do Senado obriga as instituições de ensino superior privadas a constituir a Fundação de Pesquisa Universitária, destinada a promover o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas

De acordo com a proposta original, do senador Hélio Costa (PMDB-MG), a fundação seria mantida com contribuição oriunda de 2% do faturamento bruto das universidades, faculdades e institutos de educação superior e 3% do faturamento bruto dos centros universitários.


[...] a fundação teria sede em Brasília, mas poderia manter centros de pesquisa em qualquer parte do território nacional. A Fundação de Pesquisa Universitária deveria, ainda, destinar recursos para entidades públicas ou privadas de fomento à pesquisa científica e tecnológica e atuar na formação e aperfeiçoamento de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, além de prestar serviços de natureza tecnológica a instituições privadas ou públicas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Crítica à Marcelo Gleiser

Em terra de cego, quem tem um olho é rei. Acho que o sucesso que o Marcelo Gleiser faz por aqui como divulgador científico tem a ver com não haver no Brasil uma divulgação científica de alto nível (DEFINIÇÃO: Alto nível = Sagan, Asimov, Penrose, ...).

Li e gostei muito d'A Dança do Universo. Depois que li outros livros, pecebi que os exemplos que ele dá estão em qualquer livro, que não há ali nenhum ponto de vista, nada de novo. Como escritor, ele é tão competente quanto um tradutor (quer dizer: tem lá seu talento, é claro, mas não é propriamente um autor). O prazer que me deu a leitura se explica pela minha ignorância. Suporte para essa idéia é eu ter lido anos depois O Fim Da Terra E Do Céu, Cartas A Um Jovem Cientista, e parte dos Retalhos Cósmicos... Tentei ler as colunas na Folha também, mas me entediei logo: tudo lugar-comum.

Mas eu gosto do trabalho dele. Faz algo que deve ser feito no Brasil. Quando eu pensei em ser físico aos 14 anos de idade, me preocupava a idéia de que o único físico vivo que eu conhecia era o Stephen Hawking. Eu não sabia o que os físicos faziam. Tinha a impressão de que não havia físicos no Brasil. Talvez hoje, os programas do Fantástico que o Marcelo fez ajude alguém a pelo menos saber que há pesquisas sendo feitas hoje. Até que apareça algo melhor, o Marcelo Gleiser faz um excelente trabalho aqui...

... aqui, só aqui!

Por aí pelo mundo, não há muito espaço para os lugares-comuns. Não vi o novo livro dele, mas li reportagens sobre o assunto, declarando a tese principal, a de que talvez não exista uma Teoria Unificada e que talvez esta busca esteja fadada ao fracasso. (Aliás, pelas resenhas, supus que não havia idéia nova: o que ele afirma parece basicamente idêntico ao que Lee Smolin afirma na sua crítica à teoria de cordas.... mas eu de fato não sei, é só um preconceito!)

Como disse, eu não li o livro, de modo que não posso mesmo falar sobre isso. Mas escrevi esta postagem para dar este link aqui. É uma crítica feroz de Lubos Motl ao livro (e ao próprio Marcelo, que tem suas publicações analisadas por Lubos, o que resulta em um comentário maldoso: "O cara é um idiota. É um exemplo da fábula 'A Raposa E As Uvas', em que uma raposa tenta pegar três uvas, falha, e decide que as uvas eram azedas. Gleiser afirma que tendo ele próprio fracassado como um indivíduo, toda a física deve fracassar também.").