quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Poema de Raul Seixas

No site Casa do Bruxo, encontrei poesias atribuídas à Raul Seixas. Essa é de 1976:

A saudade é um parafuso
Que quando a rosca cai
Só entra se for torcendo
Porque batendo não vai
Mas quando enferruja dentro
Nem distorcendo não sai.

sábado, 24 de novembro de 2007

Arte, Matemática, Física e Engenharia

O que o homem não consegue imaginar, eu não sei o que é (pois não consigo imaginar o que seja). Aquilo que a mente humana consegue conceber e desperta o interesse de outra mente, é chamado de Arte. Dentre as coisas que despertam interesse, há aquelas que têm uma lógica (ou seja, não são contraditórios entre si) e esse subconjunto de pensamentos é a Matemática. Além disso, dentre os pensamentos que têm lógica, há aqueles que de fato existem na Natureza (i.e., são representações mentais de fenômenos naturais que nos cercam); e lidar com estes pensamentos é tarefa da Física. Por fim, entre as coisas que podemos conceber, são interessantes, têm lógica e existem na Natureza, há aquelas que podemos manipular e esse é o interesse da Engenharia.... Para algumas pessoas somente é útil aquilo que podemos conceber, é interessante, tem lógica, existe na Natureza e cuja manipulação gera dinheiro.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Aumento nas bolsas de CNPq e CAPES

Os valores das bolsas de mestrado e doutorado serão reajustados. A partir de março de 2008, o valor aumentará 20%. É o terceiro aumento do governo Lula, que tenta corrigir a total ausência de ajuste das bolsas no governo anterior.

Além disso, o governo pretende aumentar a quantidade de bolsistas. A meta é atingir 155 mil bolsas do CNPq e da Capes até 2010. Hoje são concedidas 95 mil bolsas e em 2006 foram 65 mil, de acordo com informações do governo (Para ler mais, veja a notícia no site da CAPES, ou em [1, 2, 3, 4]).

-----------
ATUALIZAÇÃO:

Hoje, quarta-feira, 30/abril/2008, recebi o seguinte email:
Reajuste do valor das bolsas a partir de 1/6/2008.

Durante a comemoração dos 57 anos do CNPq nesta quarta-feira (30/04), o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, anunciou que as bolsas de pós-graduação terão reajustes de 27% e 29% a partir de 1o. de junho deste ano. Assim, a bolsa de Mestrado passa ao valor de R$ 1.200,00 e a de Doutorado para R$ 1.800,00.

Com relação à implementação anteriormente prevista, o atraso se deve à demora na aprovação do Orçamento da União. Em compensação, os aumentos a serem concedidos excedem os 20% anteriormente anunciados.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Festa do Livro da USP e Livros Brasileiros de Física

Depois de amanhã, quarta-feira, 21 de novembro, inicicia-se a feira anual da USP, em que as editoras oferecem um desconto mínimo de 50% sobre quaisquer de suas publicações. Para mim, é um evento aguardadíssimo :-)

A notícia "oficial" pode ser lida no site da EDUSP, e a lista de editoras participantes pode ser vista aqui.

Falando em livro, uma coisa que acho legal no mercado editorial recente é observar que hoá um crescente número de publicações brasileiras em física. Hoje, é quase possível fazer um (bom!) curso de graduação usando como livros-textos apenas livros em português. Melhor do que isso: Livros escritos por brasileiros! Eis alguns exemplos:

Física Básica:
- Alaor Chaves;
- Moysés Nussenszeig;

Mecânica Analítica:
- Nivaldo A. Lemos;

Termodinâmica:
- Walter F. Wreszinski;
- Mário José de Oliveira;

Mecânica Estatística:
- Silvio Salinas;

Mecânica Quântica:
- A. F. R. de Toledo Piza;
- Waldemar Wolney Filho;

Eletromagnetismo:
- Kleber Daum Machado;

E há também cursos de assuntos matemáticos, como as Notas de Física-Matemática, da profa. Carmen Lys Ribeiro Braga. E cursos avançados como o Teoria Quântica dos Campos, do prof. Marcelo Gomes, além de muitos outros textos especializados em estado sólido, cosmologia, equações diferenciais e biofísica.

É claro que para uma formação completa o estudante deve sempre recorrer à uma extensa bibliografia, lendo também os clássicos internacionais como os livros de Landau, Dirac e Jackson. Assim, a máxima de que "inglês é importante" continua valendo, já que é neste idioma que encontramos os tais clássicos (embora não sejam sempre escritos originalmente em inglês, todos os que eu conheço têm uma versão em inglês). Mas há um prazer todo especial em ler em português: É nossa produção.

sábado, 17 de novembro de 2007

Por um Aurélio mais preciso

Definição: Seja P o conjunto de problemas que dizem respeito à sociedade e S o conjunto de soluções. Considere ainda os subconjuntos Pi e Sj e suponha que exista o conjunto de funções fij: Pi --> Sj. Denominamos profissonal aquele que conhece (ou busca conhecer) pelo menos uma das funções fij e utiliza este conhecimento (ou os resultados preliminares de sua busca) para benefício de outros seres. Chamamos de profissão aquilo que o profissional faz.

Note que o dinheiro não é requisito para definir o profissional. Por ser uma parte importante do processo, o dinheiro é usado para classificar os profissionais em três subgrupos: Se um profissional recebe dinheiro de um outro profissional pré-determinado para exercer sua profissão, recebe o nome de empregado. Se, por outro lado, recebe dinheiro de alguma outra pessoa, é chamado profissional liberal. E se não recebe dinheiro de ninguém, é chamado filantropo.

Note ainda que na definição de profissão, faz-se necessário que o conhecimento (ou resultados parcias da busca deste) seja utilizado em benefício de outros seres, que não devem ser necessariamente humanos. Alguns biólogos o utilizam em benefício de animais e florestas. Uma pessoa que conhece (ou busca conhecer) algum f sem o objetivo de beneficiar outrem, é chamado culto, ou interessado no assunto. Por fim, Aquele que tem o objetivo de ajudar outros, mas simplesmente não é capaz de encontrar alguma solução e nem mesmo uma versão preliminar que se possa usar, é chamado frustrado.

Por exemplo, o artista é aquele para o qual Pa inclui coisas como estar entediado com a vida.

Outro exemplo de profissional é o professor:

Definição: Professor (ou educador) é aquele profissional para o qual P = Pe U Pa, em que Pe é o conjunto formado pelas problemas que resultam das dificuldade em se ensinar algo a outro ser humano, e Pa é o conjunto de problemas relacionados a alguma atividade.

Assim, um professor de química é aquele para o qual Pa inclui coisas como reconhecer um ácido, fabricar detergentes, classificar os diversos materias que compõem o Universo, etc. Um caso especial de professor é quando este ensina um futuro professor, i.e., Pa = Pe, ao qual denominamos professor de pedagogia.

O aluno é a criatura que é beneficiada diretamente pela atividade do professor. Em outras palavras, o aluno é aquele que provoca os problemas listados em Pe. De modo que o "ser humano" que consta na definição de Pe não é outro senão este a quem nos referimos por "aluno".

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Da capacidade de admiração

Para apreciar a beleza de uma resposta, é necessário compreender a profundidade da pergunta.

É por isso, no meu entender, que acontece coisas como a que aconteceu comigo quando estava no segundo grau e tive que ler - e odiei - o poema Morte e Vida Severina, que me pareceu um excelente texto quando o reli anos depois. Entendo que nas artes há a beleza evidente e aquela oculta. A beleza oculta na poesia de Camões está na estrutura dos versos e a beleza oculta da pintura de Escher está no jogo que ele procura fazer com a representação de três dimensões em apenas duas. Em outras palavras, para apreciar a beleza de um triângulo de Penrose (ao lado) é necessário compreender que aquilo que está diante de si é uma representação do impossível.

Com tudo isso em mente, entendo que a ciência nos mostra a beleza oculta da Natureza. É buscando compreendê-la que entendemos o quão delicada e sofisticada é. E isso me lembra este vídeo, de Richard P. Feynman:



(resumidamente, em tradução livre):
"Tenho um amigo artista que [...] mostra uma flor e me diz: 'Veja como é bonita. Como artista, eu vejo esta beleza. Vocês cientistas a dividem em partes e a analisam e ela se torna uma coisa chata!', mas eu não concordo com ele. A beleza que ele vê pode ser vista por outras pessoas, inclusive por mim. Mas ao mesmo tempo, eu vejo muito mais naquela flor, pois eu vejo as células e os processos todos que ocorrem nesta escala tão pequena, em que também há beleza. Quero dizer, há beleza também na estrutura interna da flor, além daquela visível a olho nu."

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Garrafas no oceano cósmico

O desenho acima foi escrito numa placa metálica e posta a bordo das espaço-naves Pioneer 10 e 11 (a primeira delas, lançada em 1972). A idéia é que estas naves eventualmente sairiam do Sistema Solar e, se fossem encontrada por algum extra-terrestre, ele poderia ter notícias nossas (queremos ter notícias diretas deles e por isso, achamos que eles querem também...). No topo, uma representação do hidrogênio, que é (ou parecia ser) o troço mais abundante do Universo. O "asterisco" dá a localização do nosso Sistema Solar em relação a 14 pulsares. O desenho do homem e da mulher está sobre o desenho esquemático da nave, para que as criaturinhas tenham idéia do nosso tamanho. E bem abaixo, uma representação do nosso Sistema Solar, indicando de onde veio a nave (The Third Rock From The Sun... rsrs).

Outra tentativa de se comunicar com o cosmo foi feita com as naves Voyager, lançadas em 1977. Dessa vez, fomos mais sofisticados e enviamos um disco de ouro contendo algumas de nossas músicas e outros "sons da Terra".

As naves já estão na beiradinha do Sistema Solar. Dos objetos em que o homem pôs a mão, são os mais distantes de nós. Tudo isso era só para dar o contexto para o que seria o único motivo da postagem: mostrar-lhes este site, que mostra a localização atual das espaço-naves.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Quando falar inglês?

O texto do Feynman que publiquei ontem remete a uma questão sobre a qual penso há tempos: "Quando falar inglês?".

Nos encontros internacionais, me parece claro que a coisa mais razoável é que os palestrantes falem em inglês, mesmo sendo um encontro sediado no Brasil e que a maioria dos ouvintes sejam brasileiros. Eu não gostaria nem um pouco de ir lá na Rússia para um encontro internacional e alguém falasse em russo.

O que eu não sei bem como responder é quando há estrangeiros num encontro nacional, algo parecido como o que o Feynman relata. Por exemplo, neste ano, no Encontro Nacional de Física de Partículas e Campos, havia convidados de fora. Estavam lá, por exemplo, Glenn Starkman e Lee Smoolin. Esses caras foram convidados para fazer com que os próprios brasileiros se inscrevessem no encontro, já que se estivessem lá apenas palestrantes daqui, eu sei que o número de participantes diminuiria. Aí, pedimos aos gringos que, por favor, venham aqui darem o ar de sua graça. Não seria educado de nossa parte permitir que participassem do restante do encontro? Por outro lado, e os brasileiros? Claro que para ir a um encontro nacional, o sujeito não precisa saber o inglês e é claro que em caso de optar, é mais justo agradar aos donos da casa... O Feynman contou a história de modo a parecer absurdo que tentassem agradá-lo. Não sei se foi tão absurdo como o tom jocoso dele indica...

Bom, tudo isso é pra me justificar, pois se eu fosse um daqueles palestrantes, eu teria talvez optado pelo inglês e me sentiria ofendido pelas palavras do Feynman. (É bem verdade que ali, tínhamos um caso especial, já que o gringo falava um pouco de português).

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Deve ser brincadeira, Sr. Feynman!

Richard P. Feynman foi um dos grandes físicos do século XX. Participou do projeto americano de fazer a bomba atômica, deleitava-se abrindo cofres (sem saber a senha) e tocava bongô. Além disso, tinha um humor e um grande talento para contador de história. Juntando tudo isso num mesmo homem, resultou numa vida cheia de episódios bons de contar. O próprio Feynman contou alguns deles.

Abaixo, um trecho do livro "Deve ser brincadeira, Sr. Feynman!", em que fala de sua experiência no Brasil.

No Brasil, pensei, a princípio, que faria minhas palestras em inglês, mas percebi uma coisa: quando os estudantes explicavam algo para mim em português, eu não entendia muito bem, apesar de saber um pouco de português. [...] Aí descobri que, se quisesse conversar com eles e tentar ensiná-los, seria melhor eu falar em português, mesmo sendo precário como era. Seria mais fácil para eles entenderem.

Na primeira vez que estive no Brasil, por seis meses, fui convidado a fazer uma apresentação na Academia Brasileira de Ciências, sobre algum trabalho em eletrodinâmica quântica que eu havia acabado de fazer. [...] Comecei escrevendo minha palestra em um português totalmente confuso. [Aí, dois estudantes brasileiros] ajeitaram a gramática, consertaram as palavras e deram uma melhorada. [...]

Cheguei à reunião da Academia Brasileira de Ciências, e o primeiro palestrante, um químico, levantou-se e deu a palestra – em inglês. Ele estava tentando ser educado, ou o quê? Eu não conseguia entender o que ele estava dizendo, por causa de sua pronúncia, que era péssima, mas talvez alguma outra pessoa tivesse o mesmo sotaque e tenha conseguido entendê-lo; eu não sei. Então o próximo palestrante levanta-se e dá a palestra em inglês!

Quando chegou a minha vez, levantei-me e disse: “Desculpem; eu não havia percebido que a língua oficial da Academia Brasileira de Ciências era inglês, e por isso não preparei minha palestra em inglês. Então, por favor, desculpem-me, mas terei de fazê-la em português”.


Além do trecho acima, há mais para ler sobre a experiência de Feynman no Brasil neste link.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Um Autor em Busca de um Personagem.

[ATUALIZAÇÃO: uma versão modificada deste texto foi publicada na edição #6 da Revista Originais Reprovados, página 15. Para ir direto ao PDF, clique aqui.]

Eu quero escrever, mas não tenho história alguma pra contar. Não conheço ninguém suficientemente diferente dos demais a ponto de ser um personagem interessante. Aliás, isso de personagem interessante é a causa dos acontecimentos novelescos. Muita gente fala que é inverossímil que o personagem principal de uma trama qualquer escape ileso de tantos incidentes. Mas não vejo nada de perturbador nisso... é uma espécie de Seleção Natural. Se o sujeito morre logo e não escapa de nada, é igual. Sendo igual, por que seria "principal"? Para ser personagem principal, tem que haver algo mais, algo de interessante e diferente, o que me lembra que eu não tenho personagem e, portanto, não tenho história... Mas há muita gente no mundo e não é difícil escolher alguém. Nem peço seis! Um só, já seria de bom tamanho!

Pensar em muita gente me faz pensar nos malditos ônibus lotados que tomamos por necessidade. Por "necessidade", quero dizer aqueles que tomamos para ir ou voltar ao trabalho, por exemplo. Na ida, uma pessoa entra no trabalho e, com seu uniforme e comportamento-padrão, esforça-se por parecer muito igual. Não pode ser interessante um indivíduo que dá tudo de si para parecer normal... Na volta, há esperanças de conhecermos alguém. E foi por este motivo que escolhi um ponto de ônibus para encontrar nosso personagem, a quem me refiro no masculino aqui por que é assim que funciona nosso idioma, mas que, para contrariar, tomarei uma mulher por personagem. Aquela serve.

Ela já sobe. Levava o dinheiro já contado na mão. Faz bem. É detestável quando alguém perde tempo buscando moedas na bolsa, enquanto os outros espremem-se para que a porta do ônibus fosse fechada com eles dentro do veículo. Mantinha o olhar na frente, até mesmo quando entregava o dinheiro ao cobrador. Acho que busca por um lugar vago, o que não era de todo impossível, já que alguém dos que estavam sentados bem poderia levantar-se neste exato momento. Embora possível, não é razoável supor que o lugar ficasse vago até que ela cruzasse a roleta e se dirigisse até lá. Mas olhava assim mesmo... Na verdade, talvez nunca tivesse parado para pensar que talvez não fosse razoável aquilo que fazia instintivamente. No mais, parece que não tinha um lugar melhor para olhar.

Parou de avançar quando chegou suficientemente perto da porta dianteira, por onde desceria. Fixou o olhar na janela. Não é possível a este narrador saber se olhava para sua própria imagem, se via através do vidro, ou se via o que não olhava. Nem se podia saber se estava feliz ou trite. É uma pessoa sem expressão... Ou melhor, estava sem expressão naquele momento e é uma lição que aprendemos rápido que as expressões são fortemente modificadas na presença de conhecidos. Acho que não conhecia ninguém ali naquele ônibus... Provavelmente, não... Certamente, arrisco dizer...

E, enquanto eu me perco arriscando coisas que não são de fato acessíveis à mim, nossa personagem sussura um "Dá licença", que saiu tão inaudível quanto o seu "Obrigado" ao motorista. Ambos aparentemente imperceptíveis à qualquer criatura daquele ônibus, como saem algumas das nossas gentilezas verbais...

Estamos numa rua escura, com pouco movimento de carros. A mulher segue em direção ao estabelecimento mais iluminado que se vê daqui. Parece uma padaria ou algum pequeno...

...Não! Enganei-me. Virou à esquerda. Ali, era tudo de mesma luminosidade. Só casas. Entrou numa qualquer... presumivelmente, a dela. Estava escura, mas a adaptação que a má luminosidade da rua proporcionou aos olhos me permitiu ter uma idéia da distribuição de móveis e uma noção geral da casa. Não era grande, nem pequena. Isso se ela morasse sozinha. Talvez dividisse com alguém (o que a faria pequena), talvez morasse com os pais (o que a faria menor)... não sei. Sem acender luz alguma, e com passos no mesmo ritmo que caminhou do ponto de ônibus até aqui, dirigiu-se à um cômodo, de onde saiu antes que eu a acompanhasse e foi ao banheiro, que era agora o único cômodo iluminado da casa. Hesitei... Talvez devesse esperá-la sair... Dane-se: Segui. Tomou banho sem pressa, nem prazer aparente. A desgraçada era completamente desinteressante e sem surpresas! Ensaboava-se sem malícia, nem cuidado (nem chegou a lavar o pé!). Ao fim daquele espetáculo sem graça, o primeiro indício de alguma emoção: ao enxugar o rosto, desceu com a toalha até o peito e ali a segurou por um momento com as duas mão. Imóvel, fixava o olhar profundamente na direção de um azulejo que não tinha nada de especial. Enfim, um torcido na boca que pareceria um sorriso a quem tivesse disposto a ver um. Ah! Se ao menos tivesse outras pessoas na casa, ou se a maldita infeliz conversasse sozinha... Saindo dali, foi deitar. Dormiu rápido e quase não se mexeu durante a noite... Ninguém chegou na casa. Somente a manhã chegou no mesmo instante em que eu saí. Não foi de todo perdido... Mesmo não sendo interessante minha escolha, este texto morre junto como tempo que este narrador queria matar.