quinta-feira, 31 de maio de 2007

Frases legais

- A única razão para que Deus não ordene um novo dilúvio, é o fato de que o primeiro foi inútil.

- Deixei de ser supersticioso quando me disseram que superstição dá azar.

- Dez por cento dos brasileiros não têm do que reclamar. O restante não tem a quem reclamar.

- O fanatismo consiste em redobrar os esforços no momento em que os objetivos foram esquecidos.

...Não sei os autores... Mas cada uma delas tem um :-D

(Mais, aqui.)

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Apenas diferentes pontos de vista?

Resolver a equação x + 2 = 0 é exatamente igual a resolver a equação § + 2 = 0. Trata-se apenas de uma escolha arbitrária da letra a ser usada. Alguém pode preferir usar o x por ser mais simples de desenhar, por exemplo, ou escolher uma letra que mais lhe agrade. No final das contas, o resultado é o mesmo, fazendo as devidas modificações, a saber, dizendo que o x encontrado na primeira é o § que se deseja encontrar na segunda.

Outra situação em que essa equivalência entre problemas ocorre é quando temos um sistema físico num referencial em repouso, e outro em movimento. É totalmente arbitrário a escolha do referencial em que o problema será resolvido. Em alguns casos, a escolha de um referencial adequado pode simplificar bem mais do que uma simples conveniência de escrita, ou preferência de letras, como no caso anterior. Novamente, o que se encontra no referencial em repouso é o mesmo que se encontra considerando um referencial com velocidade, desde que se façam as devidas modificações, ou renomeações (nesse caso, um pouco mais complicadas do que as do parágrafo anterior).

O primeiro caso é simples e óbvio. Já o segundo, pode parecer um pouco estranho para alguns (torna-se estranho quando derivamos as consequências disso...), mas os físicos já o aceitam com naturalidade.

Em 1998, o argentino Juan Maldacena propôs que um mesmo sistema físico é descrito equivalentemente se considerarmos que o Universo tem 4 dimensões e é composto de partículas, ou se pensarmos que Ele tem 10 dimensões e é composto de cordas (no sentido de que cada partícula é, na verdade, uma corda vibrando). Como nos casos anteriores, é necessário renomear as grandezas de um para chegar nos resultados do outro. Existe até um dicionário: "A", em dez dimensões, é "B" em quatro... (um pouco mais complicado, na verdade...). Isso é o que chamamos de "correspondência AdS/CFT", ou "dualidade calibre/gravitação" (*).

Entretanto, no caso da correspondência AdS/CFT, a escolha entre 10 ou 4 dimensões pode simplificar ou complicar o problema a ponto de não ser possível resolvê-lo de outra forma. Ninguém sabe hoje lidar com alguns problemas que aparecem na física. Com a proposta de Maldacena, reescrevemos tudo em termos de cordas em 10 dimensões e o mesmo problema pode ser resolvido. Depois, é só usar o dicionário para ver como seria a solução em quatro dimensões.

Mas há aqui algo muitíssimo diferente dos dois primeiros parágrafos... Aqui, o que é "arbitrário" é o número de dimensões do Universo e Seus constituintes básicos!!

No primeiro parágrafo, dizemos que a letra é apenas uma representação de um número (naquele caso, -2), que é único. No segundo caso, entendemos que "velocidade" é um conceito relativo. Assim como "direção" (afinal, estando frente-a-frente com um amigo, quem tem razão quanto às direções direita e esquerda??). Poderíamos dizer que não existe direita, ou esquerda, a menos que um referencial seja dado, ou, em outras palavras, que sua escolha seja feita.

Seguindo isso mais adiante, diríamos, no caso de AdS/CFT, que não existe um número de dimensões e nem é determinado os elementos básicos do Universo. É uma questão de escolha!!

Será mesmo apenas uma questão de ponto de vista? Será o Universo apenas a vista a partir de um ponto?

Eu sei: Louco.


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(*) Não vou aqui explicar as razões para os nomes, mas digo que a idéia recebe um outro nome, que posso explicar: é chamada também de "princípio holográfico", pois, assim como um holograma, que representa uma imagem tridimensional em duas dimensões, a proposta é que as informações contidas em 10 dimensões podem ser "codificadas" em apenas 4.

terça-feira, 29 de maio de 2007

O Auto da Montanha

Há tempos sentia imensa alegria
Ao admirar aquela bela montanha.
Certa manhã, acordou à revelia
Decidido a tentar tal façanha.

Pois desejava o topo conquistar,
E chegar àquele longínquo cume,
Para sentir na face a brisa soprar
E respirar o seu leve perfume.

Assim, seguiu decidido à baia,
E montou em seu cavalo manco
E ali permaneceu, de tocaia,
Esperando por algum solavanco.

Mas logo viu que já na vertente
Havia cavaleiros e até romaria
E deduziu mais que corretamente
Que por ali jamais conseguiria.

Foi então que buscou outra trilha
Mais íngrime, mais extensa escalada.
Tomou fôlego e apertou bem a cilha,
E rumou enfim à crista desejada.

Por ser mais longa essa sua trilha,
Muito mais do cavaleiro ela exigia
Inclusive um estado de total vigília
E cuidado com as pedras que havia.

Mas aconteceu que, já cansadíssimo,
Pegou no sono no momento crucial,
No instante em que chegou ao cimo,
De onde prosseguiu seu manco animal.

E, estranhando a descida, acordou,
Vendo afastar de si a bela crista,
E as imagens com que há pouco sonhou
Pensando consigo, muito pessimista:

"Eis que não volta o tempo maldito!
Tampouco pára esse maldito cavalo!"
E sentiu pesar no seu peito aflito
A beleza da crista ainda a encantá-lo.

domingo, 27 de maio de 2007

99% transpiração...

Acho que foi Thomas Alva Edson (1847 - 1931) quem disse que o gênio é 99% transpiração e 1% de inspiração. A frase é importante independentemente de quem a tenha dito pela primeira vez e nos dá uma boa indicação da vida de um cientista.

Lembro quando vi pela primeira vez a fórmula de resolução da equação de 2º grau, usualmente atribuída à Bhaskara (1114 - 1185). Meu primeiro pensamento, foi "Como ele sabia que tinha que completar o quadrado?". Não demorou muito até eu perceber a resposta: Ele não sabia. Provavelmente, ao longo dos anos, tentaram muitas coisas que fracassaram. Mas somente ficou registrado o acerto e quando vemos anos de trabalho condensados numa demonstração simples que cabe numa página de caderno, achamos incrível e genial.

Gosto de ler sobre as "idéias mortas" do passado. Aquelas que não ficaram conhecidas por que a história escolheu um outro caminho.

A revista Sicentific American publicou, em Junho de 1957, uma proposta de Krafft A. Ehricke e George Gamow para coletar material lunar para estudá-lo aqui na Terra. A idéia era lançar dois foguetes. O primeiro deles soltaria uma bomba atômica na Lua. O segundo, atravessaria a nuvem de poeira que se formaria e coletaria o material. Engenhoso... Mas fizemos de outra forma: Em Julho de 1969, o homem foi à Lua e trouxe as amostras (*).


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(*) Vide comentários.

terça-feira, 22 de maio de 2007

José Serra

A reitoria da USP foi invadida por estudantes que protestam contra um decreto de José Serra que dá abertura para uma perda da autonomia universitária. Dentre outras coisas, isso significa que um órgão externo à universidade decidiria sobre as aplicações de verbas em pesquisas. Isso seria um perigo para as pesquisas básicas, ou seja, sem aplicações imediatas. Devemos, contudo, ler o que tem a dizer nosso governador:

"O que está por trás [da ocupação] é o desejo de agitar e usar essas questões como pretexto para algum tipo de agitação com outros propósitos. Não se avançou um milímetro sequer sobre a autonomia universitária", diz o governador [
1].

Mais sobre José Serra:

Na chegada [visita a um hospital na Vila Alpina - zona leste de São Paulo], o governador ouviu queixas de atraso e falta de equipamentos. "Só um equipamento e só um técnico não é pouco, não?", perguntou Ubiraciara Argentin Korokolvas, 63. "Não", respondeu Serra. [veja final da página 1].

...

No dia 14 de setembro de 2004, o então candidato do PSDB ao Executivo paulistano subscreveu a seguinte declaração: ‘Eu, José Serra, comprometo-me, se eleito prefeito do município de São Paulo no pleito de outubro de 2004, a cumprir os quatro anos de mandato na íntegra, sem renunciar à prefeitura para me candidatar a nenhum outro cargo eletivo’ [2].

"Só se Deus me tirar a vida. Só saio se houver uma desgraça que me envolva", disse ele. [3]

...

Que mais há para dizer??

sábado, 19 de maio de 2007

Eletromagnetismo

Eu movo a carga
E eis que larga
Com velocidade impressionante
Um campo duplamente oscilante.

Sua velocidade é constante
Não importando o instante
Nem a rapidez do manancial
E nem mesmo o referencial.

É uma velocidade-limite
E, se um corpo insiste
Em rápido assim viajar,
Fatalmente se frustrará.

É disso que a relatividade trata:
De um tempo que se dilata,
E um comprimento que se reduz
Com a velocidade próxima à da luz.

Sei que é difícil ver
E mais difícil é crer.
Mas, quem é você
Pra duvidar do poder
Do Supremo Ser?

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Muitos livros, pouco tempo.

No episódio 11 da série Cosmos (ou o capítulo 11 do livro), entitulado "A Persistência da Memória", Carl Sagan fala sobre os bits como unidade de informação, da memória genética e do cérebro. E fala também da memória extrassomática, ou seja, aquela que fica guardada fora do corpo. Nos livros, por exemplo. Gostaria de descrever aqui uma cena que gostei bastante.

Carl Sagan está na biblioteca pública de Nova Iorque, onde há um acervo de milhões de livros e nos fala que, se lêssemos um livro por semana, durante toda nossa vida adulta, teríamos lido, ao final de uma vida com a duração normal, uns poucos milhares de livros. "Nesta biblioteca, isso corresponde a daqui até aqui", diz Sagan apontando para 10 estantes cheias de livros. A câmera continua além da décima estante, mostrando a enorme quantidade de livros a mais. Nesse momento, ele diz:

"O TRUQUE É SABER QUAIS LIVROS LER".

domingo, 13 de maio de 2007

O proibido e a duração da vida

Dizem que o que é proibido é mais prazeroso. São tantos os que afirmam isso e tantos episódios que vivenciamos nós mesmos, que a veracidade da afirmação está fora de suspeita. Devemos nos preocupar apenas com a razão disso, portanto. Não é nenhum grande mistério: Aquilo que é proibido é limitado.

Se descobertos, teremos nossa conquista ilícita tomada de nós pelos seguidores da lei. Aproveitamos tais conquistas com sofreguidão por que não temos tempo para pensar se é bom, ou mau. Não temos tempo de deixar pra depois. Apenas fazemos nossos atos ilícitos ou consumimos nossos objetos de desejo o mais rapidamente possível, para evitar a perda que acreditamos ser iminente.

Mas poucos parecem se dar conta de que o permitido também nos é proibido de algum modo. Toda e qualquer coisa que temos e teremos nos será finalmente tomada pela morte. A idéia de que a morte está presente e nos proibirá de gozar um pouco mais da vida deveria nos fazer curtí-la com sofreguidão.

Talvez a vida seja longa demais. Longa a ponto de nos fazer crer que tudo é permitido e que, portanto, nada tem graça. Tão longa, que nos dá tempo de pensar no que vale a pena ser feito. A vida parece longa demais para nos deixar ser feliz.

sábado, 12 de maio de 2007

Matemática e Física

Depois de anos de trabalho
Fez o carpinteiro um dia
Uma ferramenta de belo talho
Que não tinha serventia.

Mas o objeto era bem feito
E encantou toda a cidade
Apesar do grande defeito
De não ter real utilidade.

Colocaram até um encarte
Procurando quem soubesse dizer
O que, com essa obra de arte,
Deveríamos então fazer.

Até que um dia surgiu
Um nobre e sábio cidadão
Com um problema sutil
E tal ferramenta era a solução.

É esse busca incessante
Da mais perfeita união
Que torna o mundo fascinante
E dá à minha vida uma direção.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Ciência interessante.


"Quase 40% da população demonstra pouco interesse por assuntos de ciência e tecnologia por não entenderem do que se trata".

Ao fazer divulgação científica, devemos, mais do que dar informações, encantar o interlocutor. Nesse processo, uma explicação precisa de um fenômeno é desnecessária e maléfica. Uma vez convencido de que ciência é um assunto interessante, a própria pessoa busca por mais detalhes.

Um outro trecho do artigo:

"Do total da amostra de 2004 entrevistas, 27% apontaram que os jornalistas são os que inspiram maior confiança como fonte de informação. Logo em seguida vêm os médicos com 24%; cientistas que trabalham em universidades com 17%; religiosos, 13%; representantes de organizações de defesa do consumidor com 7%; cientistas que trabalham em empresas, 4%; escritores, 3%; militares, 3%; políticos, 1%".

Incrível!! É um lugar comum dizer que a imprensa é parcial e sensacionalista. E tanto se mostra casos de erros médicos, com mortes e aleijamentos. A medicina diz que o café faz mal. Depois, que faz bem... As leis da mecânica formuladas por Isaac Newton há 320 anos continuam valendo, para todos os corpos que vemos nas proximidades da Terra.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Para que serve o estudo?

Quando estudante de primeiro grau, nos idos anos 80, eu tive aulas de Técnicas Comerciais (ensinava, por exemplo, o que é a bolsa de valores), Desenho Geométrico (como desenhar um triângulo isósceles retângulo usando apenas régua e compasso, por exemplo) e Educação Artística (desenho, por exemplo).

Minha tia estudou numa época em que ensinavam francês no colégio. Hoje, optar por essa língua chega a ser quase um capricho perante o domínio do inglês no mercado de trabalho.

No meu segundo grau, a "educação artística" era literatura (ler os livros que seriam cobrados no vestibular). Para quem não lesse, um professor resumia a história numa aula. No terceiro ano, quando cada mensalidade do colégio seria suficiente para comprar um aparelho de DVD, aprendi que numa prova de 50 questões de múltipla escolha (a, b, c, d, e), o gabarito correto contém 10 vezes cada letra. Desse modo, o melhor é fazer as questões que temos certeza, contarmos quantas vezes cada letra aparece e marcar a letra que menos apareceu até ali em todas as outras questões.

Para o futuro, me atormenta uma coisa: é notório o crescimento das universidades privadas. Há cursos de ciências contábeis, farmácia, medicina e engenharias. Mas pouquíssimas possuem bacharelado em matemática, química, biologia e física. Baseados em que confiamos nas engenharias, na medicina e tomamos remédio? O que estudam os contadores?

domingo, 6 de maio de 2007

Gratuidade é ruim?

O problema com coisas gratuitas é que estamos pré-programados a aceitá-las sem sequer pensar se as queremos, ou não.