quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Influência indireta positiva

Li no Diário de S. Paulo: Em quase todo o tempo livre entre as partidas, as jogadoras são vistas com um livro na mão. O hábito foi difundido pelo técnico José Roberto Guimarães, que aposta até na melhora do rendimento do time em função da nova mania.

... compartilho aqui a reportagem porque achei um modo bem legal de incutir o hábito da leitura. Melhor ainda porque é bem indireto, como devem ser todas as influências que se deseja estabelecer de modo duradouro (bem melhor do que colocar um intelectualóide na novela da Globo, com conversas forçadas sobre a importância dos livros).

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Enfim, uma divergência...

Uma coisa que eu acho complicada em política é que não votamos de fato nas propostas. Votamos no caráter, e isso é muito difícil de julgar. Usamos nossos preconceitos e a intuição, muito mais do que de fato o pensamento. Se os candidatos tivessem visões opostas, poderíamos usar nosso conhecimento de mundo para decidir como gostaríamos que fosse, e caberia a eles, nos debates, argumentar que o seu modelo é melhor.

Mas não é isso que em geral acontece. Se tomarmos cada um dos planos de governo, veremos que são todos bons. Não há uma divergência clara. Se perguntados sobre universidades, todos concordam que vão investir lá. Nenhum se atreve a dizer, por exemplo, que cuidarão mais do ensino básico, pois assim arriscam perder uma parte do eleitorado que acredita no ensino superior. Não se colocam explicitamente a favor ou contra algo concreto, como o aborto, ou células-tronco, ou pena de morte, por exemplo. (Se o fazem, é só quando a imensa maioria dos eleitores comprovadamente concordam... e nesse caso, todos os candidatos são explicitamente a favor ou contra a mesma coisa).

Assim, quando votamos, o que estamos tentando fazer é acertar quem diz a verdade e quem mente. Analisamos as propostas não buscando descobrir qual a melhor. Buscamos qual parece mais verossímil. São todas boas, disso dificilmente se discorda. Assistimos aos debates para ver quem tem mais segurança, quem tem respostas melhores, quem tem a ficha limpa, enfim, quem é digno de nossa confiança. Não tentam nos convencer de que ensino básico é mais importante do que o superior, ou vice-versa. Dizem nos debates que tudo é importante, não escapa nada. Quando analisamos o passado dos candidatos, é para saber mais sobre seu caráter. E nos ataques, é a credibilidade que atacam e não o plano de governo.

E é por esse motivo que achei legal o artigo que transcrevo abaixo, parcialmente. A íntegra pode ser lida no Jornal da Ciência.

Dilma defende profissionalização integrada ao ensino médio regular; Serra propõe curso puramente técnico.

Tanto Dilma Rousseff (PT) quanto José Serra (PSDB) defendem a multiplicação do ensino profissionalizante. Ela promete abrir escolas técnicas nas cidades com mais de 50 mil habitantes. E ele, criar 1 milhão de vagas.


Uma maravilha... E quem dirá que um ou outro tem um plano ruim? Digam-me se não são ambas as propostas maravilhosas... Bom, voltamos ao texto, que diz


Embora pareçam concordar plenamente nesse ponto, Dilma e Serra em nenhum momento avisaram ao eleitor que suas concepções de ensino técnico são bem diferentes, quase opostas.


Viram só!? É justamente o que eu disse, não? Quando de fato há uma divergência clara, escondem... Hehehe, desculpem a interrupção: quando o assunto é política, interromper o outro que fala é compulsivo....


Ela propõe que a escola tenha cursos técnicos misturados com o ensino médio (antigo 2º grau). O aluno faz um só curso e tem dois diplomas. Ele defende que a escola tenha exclusivamente cursos técnicos. Para entrar, o aluno deve já ter concluído ou ao menos estar cursando (em outra escola) o ensino médio.


Dilma se espelha nas escolas técnicas federais. Serra, nas estaduais de São Paulo. Especialistas em educação encontram vantagens e desvantagens em cada modelo.


"Não é um mero treinamento de habilidades. O aluno aprende [no médio] as bases científicas e epistemológicas do conhecimento [técnico]. Não é só fazer; é pensar. É uma formação mais completa", diz Remi Castioni, professor da Faculdade de Educação da UnB.


Por outro lado, a escola técnica do PT tem mais dificuldade para atualizar seus currículos. Qualquer mudança exige adaptações também na grade do ensino médio.


O modelo de Serra é mais barato. Uma vez que não há ensino médio e os cursos são rápidos (um ano e meio, ante os quatro anos do ensino integrado), é preciso ter menos professores e salas de aula. A expansão é mais fácil.


Entretanto, a falta do ensino médio integrado obriga os jovens que não têm diploma médio a fazer dupla jornada: no colégio de manhã e na escola técnica à tarde.


"O modelo de SP tem preocupação excessiva com reduzir custos. A formação do estudante é aligeirada. Os professores não conseguem desenvolver bem seus programas", diz Maria Sylvia Bueno, professora da Unesp e organizadora de um livro sobre as escolas técnicas de SP.

PT menciona qualidade, e PSDB, pobres

(Ricardo Westin)

(Folha de SP, 11/10)



... Eu cortei um bocado o texto, e não diria que busquei imparcialidade no processo. Mas leiam a reportagem na íntegra, na fonte que eu dei. Com isso, se pode tirar conclusões além do julgamento de caráter...