quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Advertência

Nos romances e novelas, freqüentemente se encontra alguma variante da seguinte advertência:
Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas ou eventos reais é mera coincidência.
Pois bem, livros de divulgação científica deveriam conter algo semelhante... algo como:
Esta é uma obra de divulgação. Como tal, faz uso de analogias e simplificações, que não qualificam o leitor a discutir os fundamentos da teoria. O propósito desta obra é tão somente convidar o leitor ao estudo aprofundado para, só depois desse estudo criterioso, nos ajudar no entendimento da Natureza, discutindo as idéias aqui introduzidas.
Seria até bom que esse tipo de aviso fosse obrigatório, como aqueles de saúde em maços de cigarro...

domingo, 19 de outubro de 2008

Livros (por Sêneca)

Trecho de Sobre A Brevidade Da Vida, de Lúcio Anneo Sêneca, que fala sobre os sábios do passado, que nos falam através dos livros:
[...] Todos os anos que se passaram antes deles são somados aos seus. A não ser que sejamos muito ingratos, aqueles sábios fundadores das idéias sagradas nasceram para nós e nos preparam a vida. [...] Não nos é proibido o acesso a nenhum século, somos recebidos em todos. [...] Uma vez que a natureza nos permite comungar com toda a eternidade, por que não nos afastamos da estreita e pequena passagem do tempo e nos entregamos com todo nosso espírito ao que é ilimitado, eterno e dividido com os melhores? [...] Se dedicam aos melhores ofícios [aqueles] que querem desfrutar, todos os dias, da intimidade de Zenão, Pitágoras, Demócrito, Aristóteles, [Sêneca, Erasmo, Shakespeare, Machado] e outros mestres das boas artes. [Pois] nenhum deles [te] faltará, nenhum [te] mandará embora [sem deixá-lo mais feliz]; eles podem ser encontrados por qualquer mortal, seja durante o dia, seja à noite. Nenhum deles vai te levar para a morte, todos te ensinarão a morrer; [...] que bela velhice terá aquele que se propuser a ser cliente deles! Este terá com quem dialogar sobre as menores e maiores questões. [...] Costumamos dizer que não está em nosso poder escoher os pais que o destino nos deu; porém, podemos ter um [re]nascimento de acordo com nossa escolha. Há famílias dos mais nobre espíritos, basta escolher a qual delas desejas pertecer e receberás não apenas o nome, mas também os bens [i.e., a sabedoria e idéias que herdarás], os quais não precisarás vigiar de forma miserável e mesquinha, pois quanto mais forem compartilhados, maiores se tornarão. [...] Esta é a maneira de prolongar a vida, ou mesmo transformá-la em imortalidade. [...] Assim, a vida do sábio se estende por muito tempo, [pois] ele não tem os mesmos limites que os outros. [...] Algo se perde no passado? Ele recupera com a memória. Está no agora? Ele desfruta. Há de vir com o futuro? Ele antecede.