sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Os bastidores do Prêmio Nobel de Literatura de 1961

O texto abaixo tem como base uns trechos da reportagem do The Guardian, entitulada Chances de J. R. R. Tolkien para o prêmio Nobel são frustradas por sua 'prosa pobre':


Os relatórios do comitê que julga os candidatos ao Prêmio Nobel permanecem em segredo por 50 anos após a premiação, quando os arquivos são enfim revelados (no site, algumas informações sobre as nomeações podem ser obtidas). No ano de 1961, o ganhador do prêmio Nobel de Literatura foi o escritor iugoslavo Ivo Andrić, "pela força épica com que ele traçou temas e retratou os destinos humanos forjados pela história do seu país". Na semana passada, foram divulgados os bastidores da disputa daquele ano, quando os nomes cotados incluíam Lawrence Durrell, Robert Frost, Graham Greene, Edward M. Forster e J. R. R. Tolkien.


Tolkien foi indicado por seu amigo (e autor das Crônicas de Nárnia) C. S. Lewis, que era professor de literatura em Oxford (portanto qualificado para indicar nomes, segundo as regras de nomeação). Um dos membros do júri, Anders Österling, escreveu que a prosa de Tolkien, autor do livro mais amado do Reino Unido segundo uma pesquisa de 2003 da BBC, "não é de modo algum considerada uma narração de alta qualidade".


Já Robert Frost (1874-1963) e Edward M. Forster (1879-1970) foram rejeitados devido às suas "idades avançadas". Sobre a rejeição de Forster em 1961, o jurado Österling disse ainda que o autor era "uma sombra de si mesmo, com uma saúde espiritual há tempos perdida". Entretanto, vale ressaltar que se a idade já representou uma restrição, aparentemente esse não é mais o caso, já que Doris Lessing o recebeu em 2007 com 87 anos de idade. Além disso, o banco de dados do site do Nobel mostra que Forst foi indicado antes (em 1950, ano em que Bertrand Russel ganhou o prêmio) e Forster também (em 1945, quando tinha apenas 66 anos e o prêmio foi dado à Gabriela Mistral).


Ainda segundo os documentos revelados sobre os bastidores do prêmio de 1961, o escritor inglês Lawrence Durrell "nos deixa com um sabor duvidoso... por causa de sua monomaníaca preocupação com as complicações eróticas" enquanto o romancista italiano Alberto Moravia "sofre de uma... monotonia generalizada". Na decisão final, o escritor inglês Graham Greene ficou em segundo lugar, seguido pela escritora dinamarquesa Karen Blixen que ficou em terceiro.