sexta-feira, 4 de junho de 2010

Crítica à Marcelo Gleiser

Em terra de cego, quem tem um olho é rei. Acho que o sucesso que o Marcelo Gleiser faz por aqui como divulgador científico tem a ver com não haver no Brasil uma divulgação científica de alto nível (DEFINIÇÃO: Alto nível = Sagan, Asimov, Penrose, ...).

Li e gostei muito d'A Dança do Universo. Depois que li outros livros, pecebi que os exemplos que ele dá estão em qualquer livro, que não há ali nenhum ponto de vista, nada de novo. Como escritor, ele é tão competente quanto um tradutor (quer dizer: tem lá seu talento, é claro, mas não é propriamente um autor). O prazer que me deu a leitura se explica pela minha ignorância. Suporte para essa idéia é eu ter lido anos depois O Fim Da Terra E Do Céu, Cartas A Um Jovem Cientista, e parte dos Retalhos Cósmicos... Tentei ler as colunas na Folha também, mas me entediei logo: tudo lugar-comum.

Mas eu gosto do trabalho dele. Faz algo que deve ser feito no Brasil. Quando eu pensei em ser físico aos 14 anos de idade, me preocupava a idéia de que o único físico vivo que eu conhecia era o Stephen Hawking. Eu não sabia o que os físicos faziam. Tinha a impressão de que não havia físicos no Brasil. Talvez hoje, os programas do Fantástico que o Marcelo fez ajude alguém a pelo menos saber que há pesquisas sendo feitas hoje. Até que apareça algo melhor, o Marcelo Gleiser faz um excelente trabalho aqui...

... aqui, só aqui!

Por aí pelo mundo, não há muito espaço para os lugares-comuns. Não vi o novo livro dele, mas li reportagens sobre o assunto, declarando a tese principal, a de que talvez não exista uma Teoria Unificada e que talvez esta busca esteja fadada ao fracasso. (Aliás, pelas resenhas, supus que não havia idéia nova: o que ele afirma parece basicamente idêntico ao que Lee Smolin afirma na sua crítica à teoria de cordas.... mas eu de fato não sei, é só um preconceito!)

Como disse, eu não li o livro, de modo que não posso mesmo falar sobre isso. Mas escrevi esta postagem para dar este link aqui. É uma crítica feroz de Lubos Motl ao livro (e ao próprio Marcelo, que tem suas publicações analisadas por Lubos, o que resulta em um comentário maldoso: "O cara é um idiota. É um exemplo da fábula 'A Raposa E As Uvas', em que uma raposa tenta pegar três uvas, falha, e decide que as uvas eram azedas. Gleiser afirma que tendo ele próprio fracassado como um indivíduo, toda a física deve fracassar também.").

4 comentários:

Sam Adam disse...

Olá Leandro, encontrei esse post por acaso no google. Interessante seu ponto de vista, eu sou biólogo e estou tentando ter meu proprio canal de divulgação científica (e fomento a ciência para novas gerações). Acho que sua visão é bem interessante, mas vocês da física ainda estão na vantagem, no Brasil, o top em divulgação de biologia, é o Richard Rasmussem, então acho que o Gleiser ainda é físico pelo menos, hehe.
Eu tenho um programa de entrevistas no canal, e conversei com 3 físicos até o momento, foi uma conversa bem rica.
Se tiver curiosidade, procure no youtube por Ciência Curiosa que vc encontra. Grande abraço!

Leandro disse...

Oi Sam. Obrigado pela dica. Vou procurar as entrevistas lá. Abraço!

Vitor Miranda disse...

Leandro, gostei do seu texto, mas discordo dele em partes. Fui alertado por um amigo que o Marcelo não era nada inovador, porém sempre é bom, necessário alguém como ele para difundir conhecimentos científicos. Gosto da poética dele. Acredito, mesmo não sendo uma linguagem inovadora (vide Sagan), que a poética linguística que ele traz a assuntos vistos como tão objetivos torna-se uma sedução para que, ao menos, adentremos no campo da ciência. Gleiser pode despertar o leitor a procurar autores maiores. Até!!

Leandro disse...

Oi Vitor. Concordo plenamente com vc, por isso mesmo escrevi: "Mas eu gosto do trabalho dele. Faz algo que deve ser feito no Brasil. Quando eu pensei em ser físico aos 14 anos de idade, me preocupava a idéia de que o único físico vivo que eu conhecia era o Stephen Hawking. Eu não sabia o que os físicos faziam. Tinha a impressão de que não havia físicos no Brasil."

Discordo apenas quando diz "vide Sagan" para uma linguagem não inovadora. Carl Sagan é tão diferente que até hoje não encontrei um cara como ele.