domingo, 9 de março de 2008

Mulheres na Ciência (por Peter B. Medawar)

Veio às minhas mãos o livro "Conselhos a um jovem cientista", de Peter Brian Medawar, e tenho achado um livro muito bom, até onde li. Aliás, um adendo: Sem saber absolutamente nada sobre o autor, ou a obra, achei por bem pesquisar quem foi o sujeito antes de iniciar a leitura. E grande foi a surpresa quando descobri que ele recebeu o prêmio Nobel de medicina e fisiologia em 1960 ("por seus estudos sobre resistência imunológica adquirida"). A surpresa, é claro, não está nesta informação, mas no fato de que Peter é brasileiro (ou pelo menos "foi"...). Nascido e criado no Rio de Janeiro até os 14 anos de idade.

Pq se diz, então, que nunca um brasileiro recebeu um Nobel? Pq à época do recebimento do prêmio, ele já não possuía a cidadania brasileira. Aconteceu que ele foi estudar na Inglaterra aos 14 anos de idade e quando chegou a época de servir ao exército (ou à Patria, como queiram), o jovem solicitou a dispensa do dever para continuar seus estudos. O governo brasileiro negou o pedido e Peter perdeu a cidadania brasileira, tornando-se um cidadão britânico... Tudo bem que os estudos avançados de Medawar foram feitos na Inglaterra, mas lembremo-nos que Albert Einstein deixou a Alemanha aos 15 anos de idade para ir para Itália e foi em seguida (aos 16 anos) fazer seus estudos superiores na Suíça. Além disso, Einstein também perdeu a cidadania alemã aos 17 anos (ele também a renunciou para fugir das obrigações militares).

Bom, isso era só um adendo. Devido à "semana da mulher", quero transcrever algumas coisas que li no livro supracitado de Medawar.

"No mundo inteiro, dezenas de milhares de mulheres [desenvolvem suas atividades científicas] tão bem ou tão mal quanto os homens e pelas mesmas razões: prosperam as que são autoconfiantes, inteligentes, 'dedicadas' e persistentes; esmorecem as pouco entusiastas, medíocres e sem imaginação"

"Em vista da importância atribuída à 'intuição' [...], poderíamos ser tentados a pensar que as mulheres são especialmente dotadas para as ciências. É um ponto de vista não compartilhado amplamente pelas mulheres, e acho eu que ele não apresenta vistos de autenticidade, porquanto a 'intuição' acima referida [...] tem mais a ver com uma percepção de feitio próprio nas relações humanas de que a imaginosa capacidade de conjeturar, que é o ato gerador na ciência."

"As jovens que defendem com entusiasmo a escolha da carreira científica [...], devem ser cautelosas e não citar Madame Curie como evidência de que mulher pode atingir grandes realizações na ciência; qualquer tendência de generalização, a partir de casos isolados, a ninguém convencerá [...] - Não é Madame Curie, mas as dezenas de milhares de mulheres bem pagas e freqüentemente felizes com a ocupação científica, a que se acham ligadas, que devem ser lembradas."

"Homens [...] que vão ao ponto extrema de se casarem com cientistas devem estar claramente avisados de antemão, em vez de aprenderem mais tarde, penosamente, que suas esposas estão presas a uma terrível obsessão que ocupa o primeiro lugar em suas vidas, fora de casa e, provavelmente, dentro [...]. O marido de uma cientista [...] não deve esperar que vá encontrar um cozido de frango ao vapor de Majorlaine pronto sobre a mesa, quando vem do trabalho para casa, [o trabalho do marido é] provavelmente menos atribulado do que de sua esposa".

[Medawar diz coisas semelhantes no caso de mulheres que casam com cientistas e fala também de casais de cientistas, argumentando sobre o benefíco, ou malefício de uma instituição permitir marido e mulher no mesmo grupo de pesquisas, mas omiti tais passagens]

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