segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Desânimo

Tendo Dante aceito o convite de Virgílio de descer rumo ao Inferno, encontra-se agora em um estado de desânimo total. Como é comum nestas situações, reavalia sua decisão e suas próprias capacidades de lidar com elas...

"Mas a mim a quem concede, e para quê?
Enéias não sou, nem Paulo, e não consigo
crer-me digno de tal, nem ninguém crê.

Portanto, se a seguir ora me obrigo,
temo que um desatino isso seria;
és sábio, e mais entendes do que eu digo".

Como quem não quer mais o que queria
se nova idéia altera a sua proposta,
e da primeira todo se desvia,

tal fiquei eu naquela escura encosta
porque, pensando, consumi o intento
ao qual dera tão rápida resposta.

[P.S.: o trecho é Inferno, Canto II.31, na tradução de Italo Eugenio Mauro]

Nenhum comentário: