O que chamo de "realidade objetiva" é o seguinte: As coisas existem mesmo quando não observadas.
Isso é uma questão antiga. Muitas vezes apresentada assim: "Uma árvore cai no meio da floresta e ninguém está por perto. A queda fez barulho?" Se a realidade for algo subjetivo, somente faz sentido perguntar-nos sobre aquilo que observamos e que determinado fenômeno só acontece realmente quando é observado. Note, entretanto, que "observador" não é, necessariamente o homem, podendo ser uma câmera de vídeo, ou algum equipamente que guarde aquela informação de modo irreversível. Ou seja, nada tem a ver com a "consciência" humana.
A coisa interessante é que a revista Nature desta semana contém um artigo que afirma ter mostrado experimentalmente que a tal realidade objetiva pode não existir. Para continuar falando disso, uma rápida digressão:
A não-localidade é a suposição de que um evento pode influenciar, instantaneamente, um outro que esteja arbitrariamente distante. O paradoxo EPR, proposto por Einstein, Podolsky e Rosen, sugeria que a mecanica quântica era não-local. Estes autores argumentaram que isto seria uma falha na teoria quântica, já que nenhum sinal poderia ser transmitido com velocidade superior a da luz.
Em 1964, entretanto, o irlandês John Bell mostrou um modo de verificar a existência da não-localidade. O experimento foi realizado na década de 80 pelo francês Alain Aspect, que mostrou que realmente a mecânica era não-local, mas que isso não violaria o postulado de que nenhuma informação pode ser transmitida à uma velocidade maior do que a da luz. Ou seja, há , de fato, uma correlação entre dois sistemas separados, mas essa correlação não pode ser utilizada para trasmitir informação de um ponto para outro do espaço-tempo (o melhor lugar onde eu vi isso discutido foi no livro do prof. Mysés Nussenzveig, Curso de Física Básica vol.04).
Um resultado semelhante ao de Bell, mas desta vez focado no aspecto "realidade" da mecânica quântica, foi obtido pelo físico norte-americano Anthony Leggett (premio Nobel de física em 2003 por suas contribuições no estudo da supercondutividade e superfluidez). Tal resultado permitia uma verificação experimental da realidade objetiva. O artigo de que falei da Nature descreve um experimento (feito pela equipe de Anton Zeilinger e Markus Aspelmeyer) no qual concluiu-se que a não-localidade não é compatível com a realidade objetiva. Como a não-localidade já havia sido demosntrada, a realidade corre perigo...
É importante chamar atenção ao fato de que estes resultados não justificam as fantasias loucas que baseiam-se na mecânica quântica, como a "Lei da Atração", sobre a qual falei no post anterior.
Para ler mais sobre este assunto interessantíssimo, sugiro algumas referências: [1], [2], e [3].
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