segunda-feira, 23 de julho de 2007

Fernando Meirelles ensaia a cegueira

"Ensaio Sobre a Cegueira" é um dos melhores livros que já li do Saramago (não posso por ordem de preferência entre este e "O Evangelho Segundo Jesus Cristo"...)

Não sei se é boa, ou má a notícia, mas o livro será adaptado para o cinema [veja também aqui]. Será uma produção conjunta (previsão/desejo dos produtores é estréia em março de 2008):
  • Brasil, que participa com o talento de Fernando Meirelles (diretor de Cidade de Deus e Jardineiro Fiel) e com a cidade de São Paulo para cenário da trama.
  • Canadá, que comprou os direitos do filme. (Além de São Paulo, o filme será filmado também em Toronto).
  • Inglaterra, que contribuirá com a parte jurídica.
  • Japão, que contribui com muito dinheiro (não que os outro não tenham que desembolsar um bocado também...)
O Fernando Meireles tentou comprar os direitos do filme em 1997, mas o Saramago negou, afirmando que seria difícil traduzir em imagens uma história sobre cegueira. (De acordo com o produtor canadense, Niv Fichman, Saramago se animou com o projeto por ser uma produção internacional, e não encabeçado por um grande estúdio hollywoodiano). Quando recebeu o convite da produtora canadense Rhombus Media para discutir o roteiro de "Blindness" (o filme será filmado em inglês), Fernando nem se tocou que se tratava do livro de Saramago.

É esperar pra ver se foi uma boa, ou má notícia...

... Já que estou falando de cinema... não que se possa por os dois numa mesma cesta, mas.... o Paulo Coelho pretende levar ao cinema "A Bruxa de Portobello". O filme será feito por fãs, que participarão de um concurso divulgado no blog do Paulo Coelho... Só lembrando, Hollywood tem os direitos autorais de "O Alquimista", mas no contrato consta que o filme só será gravado com explícita autorização de Coelho, que já se arrependeu de ter vendido os direitos e tentou comprar pelo dobro do que vendeu. Mas Hollywood negou a negociação. Paulo Coelho já recusou diversos roteiros. Mas, fiquem avisados: Quando Paulo Coelho morrer, "O Alquimista" estará nos cinemas de todo o mundo pouco tempo depois!

4 comentários:

Unknown disse...

Comecei a ler o Ensao Sobre a Cegueira, até agora o livro me parece fantástico. Eu, por pressão, li uns trechos do livro 11 Minutos, de autoria de Paulo Coelho. Achei ríduculo uns trechos que ele discreve as experiências sexuais da protagonista, por isso, por título de comparação, se é que possível comparar e definir boa literatura, transcrevo um trecho do livro saramaguiano citado acima:

"À saída da farmácia, a rapariga chamou um
táxi, deu o nome de um hotel. Recostada no assento, prelibava
já, se o termo é próprio, as distintas e múltiplas
sensações do gozo sensual, desde o primeiro e sábio roçar dos
lábios, desde a primeira carícia íntima, até às
sucessivas explosões de um orgasmo que iria deixá-la exausta e
feliz, como se estivesse a ser crucificada, salvo seja,
numa girandola ofuscante e vertiginosa."

e ainda esse outro:


"Mandou parar o táxi um quarteirão antes, misturou-se com as
pessoas que seguiam na mesma direcção, como que
deixando-se levar por elas, anónima e sem nenhuma culpa
notória. Entrou no hotel com ar natural, atravessou o vestíbulo para o bar. Chegara adiantada alguns minutos, portanto
devia esperar, a hora do encontro havia sido combinada
com precisão. Pediu um refresco, que tomou sossegadamente, sem pôr os olhos em ninguém, não queria ser confundida com uma
caçadora de homens vulgar. Um pouco mais
tarde, como uma turista que sobe ao quarto a descansar depois
de ter passado a tarde nos museus, dirigiu-se
ao ascensor. A virtude, quem o ignorará ainda sempre encontra
escolhos no duríssimo caminho da
perfeição, tais o pecado e o vício são tão favorecidos da
fortuna que foi ela chegar e abrirem-se-lhe as portas
do elevador. Saíram dois hóspedes, um casal idoso, ela passou
para dentro, premiu o botão do terceiro andar,
trezentos e doze era o número que a esperava, é aqui, bateu
discretamente à porta, dez minutos depois estava
nua, aos quinze gemia, aos dezoito sussurrava palavras de amor
que já não tinha necessidade de fingir, aos
vinte começava a perder a cabeça, aos vinte e um sentiu que o
corpo se lhe despedaçava de prazer, aos vinte
e dois gritou, Agora, agora, e quando recuperou a consciência
disse, exausta e feliz, Ainda vejo tudo branco."

Leandro disse...

Eu li o 11 minutos há uns meses. (Sem pressão. Queria ver mesmo.) O nome do livro é uma referência ao tempo que dura uma relação sexual (segundo Paulo Coelho).

Não consegui achar um trecho em que ele descreve o ato sexual para postar aqui. Mas desisti rápido de procurar, pois acho mesmo que é chutar cachorro morto. Não há comparação...

Para Saramago, dura doze.

("dez minutos depois estava nua, aos quinze gemia, aos dezoito sussurrava palavras de amor que já não tinha necessidade de fingir, aos vinte começava a perder a cabeça, aos vinte e um sentiu que o corpo se lhe despedaçava de prazer, aos vinte e dois gritou, Agora, agora, e quando recuperou a consciência disse, exausta e feliz, Ainda vejo tudo branco.")

E que diferença faz esse minuto a mais em termos literários.... Rsrsrsr.

Unknown disse...

Momento, tenho de discordar, segundo minha idéia, para Saramago, o sexo dura 21 min, pois o sexo nao comeca com a penetracao e nao termina com o orgasmo.

Leandro disse...

Tem razão, Victor. Mas na contagem do Paulo Coelho, os tais 11min é o tempo para o sexo definido de tal forma que para Saramago dura 12min.

Mas é tudo só questão de definição. Sei que por "sexo", incluímos um monte de outras coisas. Há sexo no olhar, no toque, nas palavras e até no pensamento. Essa definição, embora lírica, é ruim para se falar em "tempo de duração"....

Sei que o assunto aqui é justamente o lirismo da coisa. Entretanto, se é somente sobre isso que falamos, não se pode falar em tempo. Pelo menos não em minutos. Uma vez que se propoe a falar de tempo, precisamos de uma boa definição. E "sexo = período entre ficar nu e orgasmo" é uma boa definição para estes propósitos.