quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Trilha para o Nada

Certos pensamentos são recorrentes. De tanto o reproduzirmos na imaginação, indo e vindo, sentimos a mata cerebral afundada num trecho, uma trilha. Se queres, exemplifico. Se não queres, estou contigo: deixas quieto o que está quieto. Pensar faz mal pra gente. Tu paras aqui, portanto. Mas eu prometi ao outro um exemplo, e não mais posso negá-lo. Ei-lo: O sentido das coisas. É com freqüência que o assunto de uma conversa geral corre para a física, para a matemática ou teoria de cordas, talvez por ser eu um físico, no departamento de física-matemática, estudando as cordas... "Para que serve isso na vida de uma pessoa?", perguntam. E já fico triste direto, porque o pensamento segue o rasgão na mata mental. Segue a trilha até o Nada.

A trilha começa com a idéia de que tem razão quem pergunta. É abstrato, não serve. Mas.... não seria abstrata a TV? E a cerveja? Dá, sim, pra viver sem isso. E gostamos de amizades e amores. Mas, tomados um a um, são todos dispensáveis. As faltas provocam choro, mas não a morte. Pensando bem a fundo, não há realmente necessidade de nada além de comida para se viver. E mais: comer para que? Para morrer ao final? E sobra o que? Aqui é já o fim da trilha, onde encontro o Nada e minha tristeza.... E se isso te pareceu bobo a primeira vista, não leia de novo, não tente ver, não deixe que te pegue. Eu juro que não faz bem.

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